sábado, 31 de outubro de 2015

O FInal de Chaves e Chapolin. Teve?

  uma das mais gritantes falhas ao longo de 25 anos das séries de Chespirito. Trata-se das melancólicas despedidas dos dois mais populares personagens interpretados por Roberto Gómez Bolaños: Chaves e Chapolin.
Comecemos pelo princípio. Após o extremo sucesso de Chaves e Chapolin como séries independentes nos anos 1970, Chespirito decidiu retomar o Programa Chespirito alguns meses após as saídas de Ramón Valdés (Seu Madruga) e Carlos Villagrán (Quico). A partir de 1980, as duas populares séries viraram quadros dentro de um mesmo programa, que também dava destaque a personagens como Chaveco, Dr. Chapatin e pancada Bonaparte.
No começo, como era de se esperar, Chaves e Chapolin se sobressaíam sobre os demais. Com o passar do tempo, com a idade chegando, as coisas começaram a se equilibrar. Eu diria que o jogo virou em 1987, quando a dupla Chaveco e Botijão resolveu largar a vida de crimes. Isso fez com que o quadro chaveco passasse a ter um novo rumo, tornando-se a partir de então o carro-chefe do Programa Chespirito, com novas e hilariantes situações e mais personagens, comandadas principalmente pelo carisma de Chimoltrufia (Florinda Meza), disparada a melhor personagem  do Programa Chespirito. Claro, sem levar em conta Seu Madruga e Quico, dos anos 70.
Desde então, sem nenhum exagero, poderia-se renomear o Programa Chespirito para Programa Chaveco. Nas temporadas de 1989 e 1993, por exemplo, no máximo 5 programas contaram com a presença de quadros diferentes. A exceção foi 1991, ano em que Florinda Meza e sua impagável Chimoltrufia estiveram ausentes. Foi o chamado “último grito” dos outrora imbatíveis Chaves e Chapolin.

"Aula de Inglês": a aula final do personagem Chaves e parte de sua turma, no final de 1992

O quadro Chaves se encerrou de forma inaceitável em 1992. Nesse último ano, foram gravados apenas episódios na escolinha: o Restaurante de Dona Florinda havia se despedido em 1990, e a tradicionalíssima vila em 1991, juntamente com personagens que só nela apareciam (Dona Florinda, Dona Clotilde, Sr. Barriga e Jaiminho). O mais incrível é que o último episódio gravado não tem nem a participação do personagem Nhonho, cujo ator Edgar Vivar estava afastado por tratamento de obesidade: um batido remake da aula de inglês.
Poderiam ter feito um episódio especial de despedida para um personagem tão querido do público. Se em 1992, ano do término, já não podiam  gravar na vila, que tivessem encerrado o quadro em 1991 mesmo. Faltou boa vontade e imaginação, algo que já havia acontecido no final da série independente em 1980. Ao invés de encerrar a série com o especial de Natal, resolveram fazer mais um episódio comum (Antes um tanque funcionando que uma lavadora encrencada), o que deixou a série sem um final digno.
 MULHER TIRANA,MARIDO BANANA[1992], UM REMAKE DO EPISÓDIO DO DOUTOR ZURITA

A “morte” do personagem Chapolin foi diferente, mas não menos melancólica. Após a presença maciça em 1991, o quadro foi sendo extinto aos poucos. Tanto em 1991 quanto em 1992 (o último ano), o Chapolin apareceu apenas duas vezes em cada ano. O último episódio gravado foi “mulher tirana e marido banana”. 
Que diferença para o final da série Chapolin em 1979. Na ocasião, o personagem ganhou um episódio especial de despedida, com cenas de capítulos anteriores, depoimentos e agradecimentos. Por que não fizeram algo similar para os dois personagens (Chaves e Chapolin)? Um programa inteiro para cada um, com depoimentos, lembranças, etc. Ou, ao menos, que fizessem algum episódio especial, com a presença de todos os atores. Algo que desse aos fãs uma lembrança bonita.
Mas isso não foi feito. Chaves e Chapolin simplesmente deixaram de ser gravados, foram ficando para trás. Não que isso não pudesse ter sido feito: claro que podia, deveria até, já que a idade chega para todos e os atores se sentiam mais à vontade atuando no quadro Chaveco. Mas personagens tão carismáticos e populares mereciam ter se despedido de uma forma bonita, ao menos digna.
Por incrível que pareça, após o final de Chaves e Chapolin, a série Chaveco perdeu parte de sua força. Isso se deu no começo de 1994, com a inesperada morte do ator Raul Padilla. Sem o Delegado Morales, tornou-se mais difícil o desenvolvimento das histórias, que precisavam da figura ponderada e inteligente do delegado morales. Nos dois últimos anos do Programa Chespirito (1994 e 1995), o outrora imbatível Chompiras passou a conviver  com Dr. Chapatin, pancada, esquetes independentes e dois novos quadros: Don Caveira e Ciudadano Gómez.

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