O que Chespirito, George Davie e Hans Christian Andersen tem em comum?




O gibi Disney Jumbo # 05 (Editora Abril, maio de 2013) trouxe uma história que vamos comentar aqui por ter uma semelhança com uma saga do Chapolin Colorado. “A roupa nova do rei” (“Emperor’s New Clothes”) já começa com uma semelhança de formato com a saga do “Alfaiatezinho Valente”: o coelho Quincas, personagem cuja história faz parte, não é o protagonista da mesma. Assim como acontece no Chapolin, uma história é narrada, neste caso por uma professora, para dar uma lição em seus alunos que estavam observando a roupa de João Honesto, que passava pela janela. As crianças reparavam que, apesar de usar roupas remendadas, sua gravata sempre era nova. Para ensiná-los que “a roupa não faz a pessoa, o hábito não faz o monge“, a professora conta então uma história.

Trata-se de um rei que tinha paixão por roupas novas e gostava de exibi-las aos súditos. Para dar-lhe uma lição, dois personagens decidem fazer uma roupa invisível, alegando que apenas os homens honestos e inteligentes poderiam vê-la. Apesar de não enxergá-la, afinal a roupa não existe, o rei fez questão de comprá-la e mostrar-se vestindo ela aos súditos. A ganância falou mais alto que a vergonha, e o rei saiu pelas ruas de ceroulas apenas por acreditar que era mais inteligente que seus súditos, quando na verdade ele também não se enxergava vestido e fingiu que isso não ocorreu apenas para se sentir superior.

Você que acompanha o Chapolin com certeza se lembrou do reino da Tontolândia, mas esse rei não era interpretado pelo Carlos Villagrán, era um desenho de Jim Fletcher. Acontece que tanto Chespirito, em 1978, quanto os autores desta HQ (história em quadrinhos) – Roteiro: George Davie / Desenho: Jim Fletcher / Arte-final: Ellis Eringer – dez anos antes [1], beberam da mesma fonte: “As roupas novas do imperador” ou “O rei vai nu” (pt)/ “A roupa nova do rei” (br) é um conto de fadas inicialmente publicado em 1837, de autoria do dinamarquês Hans Christian Andersen, o mesmo que escreveu clássicos como “O Patinho Feio” e “A Pequena Sereia”

Mais um item do grandioso repertório que Chespirito se baseou para criar suas obras, e mais um conto que serviu de base para as séries CH e também para histórias em quadrinhos da Disney.

PS: nas duas versões, o nome do rei não é citado, será que foi algo pensado para criticar os reis do período Absolutista de forma geral?