O QUINTO BOX DE DVD'S DA AMAZONAS FILMES
Fotos: Fabão
O quinto box nos apresenta um turbilhão de versões mais antigas de episódios costumeiramente apresentados no Brasil pelo SBT (à exceção de "O Roubo da Múmia", onde a versão do DVD é a segunda). Nesta caixa, os episódios mais antigos continuam prevalecendo. todos episódios do box do chaves são apresentados pelo SBT, que nunca foram perdidos são: "Cartas e Calotes no Restaurante", "O Vendedor de Balões" (cortado no DVD), "O Mistério do Abominável Homem das Neves" e "A Guerra de Secessão" (cujos problemas de reprodução do disco atrapalham a exibição desta história) marcam presença no dvd do chapolin.
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A dublagem mantém-se no mesmo nível, com Tatá Guarnieri (Chespirito) e Gilberto Baroli (Edgar Vivar) dedicados cada vez mais a manter suas características pessoais, sem se preocupar em imitar seus antecessores Marcelo Gastaldi e Mário Villela. Gustavo Berriel dubla Raul Padilla com cada vez mais segurança, com direito a uma grande atuação como Jaiminho (embora a jovialidade de sua voz seja flagrante por alguns momentos). Destaque para a aparição de Leda Figueiró, a mais popular dubladora de Paty, emprestando sua voz à sobrinha de Glória na primeira versão do episódio. Osmiro Campos realmente está mais contido como Professor Girafales. Mas o melhor do box é, sem dúvida, Carlos Seidl. a voz de Seu Madruga e dos demais personagens de Ramón Valdez em nada se diferem da dublagem de anos atrás. Seidl definitivamente achou o tom certo!
Sobre as legendas, são um caso a parte. No DVD do Chaves, elas continuam um pouco diferentes do texto final dublado (embora as diferenças já não sejam tão gritantes). No disco do Chapolin, as letras aparecem antes das falas dos personagens (com direito a de Chapolim com "m"). E já no DVD do Chespirito, as legendas despontam com atraso. Por outro lado, nos discos de Chapolin e Chespirito, as legendas estão fiéis aos textos finais dublados, ao contrário do Chaves.
Comentando um pouco sobre o disco de Chespirito, a equipe de adaptação de textos do Fã-Clube Chespirito-Brasil, coloquialmente falando, botou pra quebrar. Em momentos de muita inspiração, os textos, em algumas cenas, ficaram impagáveis. Parabéns, o eterno encarregado da adaptação dos scripts de Chespirito. Além da estréia de Dom Caveira nos DVD's, somos brindados com a participação mais do que especial de Ramón Valdez em dois esquetes.
Antes de começar a comentar cada episódio, só quero fazer uma advertência, vejam o que está acontecendo com os problemas de reprodução dos últimos episódios dos DVD's de Chespirito. Tanto no DVD nº 5 quanto no nº 4, o episódio fica travando, com a imagem parando, além daqueles mosaicos desagradáveis (aqueles quadrados pequenos) despontando na tela. É praticamente impossível assistir ao extra "O Guerra da Secessão" (DVD nº 5 Chespirito), além de constantes pequenas travadas já no último episódio do disco, "Trair e Mentir, é só Reagir". Vocês que estão lendo podem até pensar que se trata de um caso isolado. Mas um outro chmaníaco postou que seus DVD's de Chespirito tinham um problema semelhante. E o mesmo infortúnio ocorre exclusivamente nos DVD's de Chespirito (dos boxes 4 e 5), que acabam não rodando com perfeição em qualquer aparelho. Estes extras do disco sequer rodam no aparelho que comprei no Paraguai. No meu outro de marca Philco, até rodam, mas infelizmente as travadas de imagem marcam presença. Pagamos muito caro pelos boxes para nos depararmos com este tipo de problema. Está feita a denúncia!
Sem mais delongas, vamos aos comentários de cada episódio:
DVD DO CHAVES - Neste disco constam os seguintes episódios: "marteladas[1972]", " Zarabatanas e Chumbinhos[1972]", " Barquinhos de papel[1973]", " beijinhos´parte 3][1972]", " eu sou a mosca que caiu na sua sopa[1979]" e "a Escolinha da chiquinha", mais os extras "os Bombeiros[1975] " e "O Vendedor de Balões[1977]". DA maioria dos episódios é formada por esquetes bem antigos.
marteladas[1972] - Episódio conhecido, famoso pela camisa branca com a estampa do Chapolin usada por Chaves. Ao mesmo tempo, é considerado um dos mais violentos de toda a série. Fora o enredo central, em que Seu Madruga trabalha como carpinteiro e as crianças resolvem brincar com martelos e serrotes, o fim da história é pancadaria atrás de pancadaria, resultando em algo sem noção. E quem sofre com marteladas, socos e pontapés é o coitado do Seu Barriga. Até Dona Florinda leva um chute de Chiquinha. O dono da vila, já deitado numa maca (padiola), acaba recebendo o dinheiro do aluguel de Seu Madruga, mas, todo arrebentado, vai gastar tudo no hospital.
Zarabatanas e Chumbinhos[1972] - Primeira versão do episódio que marca o regresso da Chiquinha, também apresenta cenas que lembram "As Pessoas Boas devem Amar seus Inimigos", em que Seu Madruga poda os pezinhos das plantas e Chaves acaba regando os pés de Seu Madruga, achando que foi por este propósito que o pai da Chiquinha lhe deu um dinheirinho, usado para o investimento na zarabatana e nos chumbinhos. No fim, quando Chaves e Quico descobrem que Chiquinha é quem está atirando chumbinhos neles, eles dão à filha de Seu Madruga o seguinte castigo: a colocam dentro de um vaso e Quico, da escada, rega Chiquinha, enquanto Chaves lhe atinge com os chumbinhos. Na dublagem, finalmente Tatá e Nelson Machado conseguem pronunciar corretamente a palavra "zarabatana", em contrapartida à dublagem clássica das duas versões posteriores da história, em que Gastaldi pronuncia "zabaratana" e Nelson larga um "barbatana", em função da complicada pronúncia do vocábulo. E, em uma das cenas, María Antonieta de las Nieves escorrega de verdade no chão molhado e a equipe dos Estúdios Gábia coloca uma vinhetinha engraçada na hora, como se o escorregão fosse premeditado (no áudio original, não se ouve nenhuma vinheta durante o escorregão).
Barquinhos de papel[1973] - Primeira versão, a diferença é que Chiquinha brinca numa bacia colocada no chão do pátio, em frente à sua casa (na versão mais conhecida, é usado o poço do segundo pátio). No início, Cecília Lemes faz Chiquinha dizer que o barquinho enfrenta um tsunami e que irá afundar igual ao Titanic. Bem criativo... O que não gostei é que mudaram o texto em que Seu Madruga diz que fez, usando papel, um brinquedo pra sua filha. Na segunda versão, Madruga diz que fez uma pipa e que usou bastante cola. Acho muito engraçado quando Quico pergunta quem foi Colombo e Chaves responde "a pipa da Chiquinha, não tá ouvindo?". No DVD, trocaram a pipa pelo "cachorrinho de pedigree colossal". Mas gostei da resposta de Seu Madruga sobre Colombo: "Foi o conquistador do México". Destaque também para o resgate do impagável adjetivo de Seu Madruga a Quico: mocorongo almofadinha. E, por fim, cômica a entonação de Tatá Guarnieri nestre trecho: "Quem quebrou as flores? O Chaves do Oito! Quem fez isso? O Chaves do Oito". Ouvimos na hora um "doãito". É rara a utilização de "Chaves do Oito" na dublagem, mas neste caso soou muito engraçado.
beijinhos[parte 3][1972] - terceira parte do antigo episódio, primeira versão do clássico da Nova Vizinha. Há a primeira parte, porém não incluída no disco. Nesta parte 3, os desmaios dos personagens, aliados aos banhos para que acordem, são o pilar da história. Como já dito, Leda Figueiró, a dubladora de Paty na saga mais conhecida (terceira versão) da Nova Vizinha, marca presença dublando a Paty moreninha (cujo nome da atriz é um mistério tão marcante como o atual paradeiro de Ana Lilian de la Macorra, a mais famosa intérprete da personagem). Glória é interpretada nesta versão do DVD por Maribel Fernández. Achei bem engraçado na dublagem o fato de Chaves, ao perguntar para Madruguinha se na casa de sua avó não há chuveiro elétrico, colocar no meio da pergunta um "me fala uma coisa", já que a fala na cena dura alguns segundos a mais que o texto traduzido.
EU SOU A MOSCA QUE CAIU NA SUA SOPA[1979]:Conhecido episódio, em que Chaves passa a trabalhar no restaurante como garçom. Sem muitas alterações no texto da dublagem original, sem dúvida o que chama a atenção no DVD é a atuação de Gustavo Berriel como Jaiminho, que pela primeira vez marca presença nos DVD's. As risadinhas, o sotaque e o jeito de falar realmente ficaram idênticos ao usados pelo inesquecível Older Cazarré, dublador original do personagem. Mas, por alguns momentos, a jovialidade da voz de Berriel faz o carteiro ficar com uma voz um pouco afeminada (claro que foi em função do tom). Mas é que o jeitão de Older falar era muito engraçado mesmo. Tudo bem que não sou muito favorável aos dubladores imitarem as vozes de outros, sob ameaça da atuação ficar forçada demais. Mas no caso de Berriel quanto à voz de Older Cazarré, a imitação é inevitável, até porque sua voz não é difícil de ser imitada... Tanto que vou contar uma coisa que vocês não sabem: Uma observação: logo após a cena em que Jaiminho pede para que Chaves lhe traga outra coisa pra comer após a mosca na sopa, Dona Florinda pede que o órfão leve o prato para o "Jaimito", segundo o dito por Marta Volpiani numa fração de segundo. Acontece que, no original, a mãe do Quico em nenhum momento cita o nome do carteiro na fala. Na verdade, Chaves dá ao Jaiminho o prato de um outro freguês. Tanto que, na dublagem Maga, Dona Florinda pede que Chaves leve o prato "à mesa do moço".
Escolinha da chiquinha[1973] - Ao contrário do DVD nº 2 de Chespirito, o episódio aparece completo neste disco. Chiquinha brinca de escolinha com Chaves e Quico, usando a janela de Seu Madruga como quadro-negro. Após tanto riscarem com giz a janela (e também a cara do pai da Chiquinha e o paletó do Senhor Barriga), as crianças são obrigadas a limpá-la com água e sabão. No fim, Chaves conta a Seu Madruga que arrumou um jeito de nunca mais ninguém riscar sua janela: Chiquinha usa uma tinta e nela escreve algo como "Proibido escrever nesta janela", para desespero do chimpanzé reumático. Muito engraçada a cena em que o dono da vila escorrega no sabão, jogado na frente da porta da casa 72, levando um tombo. Sensacional a musiquinha tocada antes do acidente, prevendo o que vai acontecer. Lembra a impagável cena do episódio da Falta D'água (primeira versão), em que, antes de Quico chorar, pode ser ouvida uma música de suspense, da qual só de me recordar faz eu cair na gargalhada.
os Bombeiros[1975] O melhor episódio do DVD, na íntegra com 22 minutos. Até estranho o fato de estar como episódio extra, sendo preterido por esquetes antigos de curta duração, mais adequados para figurarem como extras do disco. Sobre o episódio, tudo começa quando Seu Madruga se queixa pelo fato da força elétrica cair toda hora e assim não poder usar o ferro para passar roupa. Isso acontece porque Quico liga e desliga o switch para que, durante a brincadeira de astronauta, possa mandar Chaves, sentado em cima de uma geringonça, para a lua. De tanto a energia ir e voltar, Seu Madruga acaba esquecendo o ferro de passar em cima de uma peça de roupa, e como Quico já havia ligado o switch há algum tempo, acaba sentindo um cheiro de queimado e se irrita ao ver que sua roupa foi pro saco. Aí as crianças têm a idéia de brincar de bombeiro e Quico acaba berrando tanto por socorro que Professor Girafales e Dona Florinda acreditam mesmo que a casa 14 está pegando fogo. Depois, Chaves se atrapalha com a mangueira de bombeiro, e acaba dando um banho em Girafales e Florinda. Seu Madruga vê e cai na gargalhada. Nem é preciso dizer que o pai da Chiquinha paga o pato no final... Sobre as peculiaridades da dublagem, destaque para a felicissíma adaptação após Chiquinha dizer a Chaves que gosta do seu corpo (uma referência ao Corpo de Bombeiros). Seu Madruga pede para que as crianças não brinquem de "novela das oito" (no original, Don Ramón não quer que brinquem de Miss Universo). Na cena clássica da risada de Seu Madruga, é colocada a risada original de Ramón Valdez, ao invés de Carlos Seidl dublá-la. E para encerrar: não é que fizeram Chaves dizer que se o Professor Girafales se alongar mais, ele irá parar "no teto do estúdio". Sensacional!!!!
O Vendedor de Balões[1977] - Um dos mais engraçados episódios do seriado, infelizmente está bastante cortado, durando 13 minutos (o total é 20). Na dublagem, a única peculiaridade é o preço de cada balão cobrado por Seu Madruga: um real. No mais, uma pena que a atuação de Tatá Guarnieri não esteja tão boa neste episódio. É que, como já é conhecida a versão dublada no SBT, queremos sempre que Tatá faça melhor do que Gastaldi, o que é francamente impossível.
DVD DO CHAPOLIN - Eis os episódios contidos: "Presídio de Segurança Mínima[1974]", O Roubo da Múmia[1976]", "O Abominável Homem das Neves[1976]" e "Quem Perde a Guerra, Pede Água[1976]", além dos extras "Chespirito Contra-Regra[1984]" e "O Gordo e o Magro Voltam a Atacar[1981]". Apenas o episódio do Abominável Homem das Neves é exibido pelo SBT. Os dois primeiros são versões diferentes de histórias já conhecidas e o da Guerra possui enredo totalmente desconhecido dos brasileiros. Os dois extras também são inéditos, dos anos 80.
Presídio de Segurança Mínima[1974] - Primeira versão do episódio exibido pelo SBT, em que Chapolin tenta resolver o mistério sobre como os presos escapam tão facilmente da cadeia. Ramón Valdez interpreta o sargento, vivido na segunda versão por Carlos Villagrán, que no DVD dá vida ao presidiário 24, papel que depois seria de Edgar Vivar, que nesta primeira versão interpreta o prefeito da cidade. Isso mesmo! Nesta primeira versão, quem é tantas vezes preso por Chapolin para dar ação ao plano do sargento é o prefeito, ao invés do diretor da prisão (vivido por Rubén Aguirre na segunda versão). Como o personagem de Edgar Vivar é tantas vezes preso, quando perguntado pelo sargento sobre quem Chapolin prendera, o herói responde que foi o Botijão (parceiro de Chompiras). No final, a janela da cela, de formato retangular e estendida, possui uma escada como grade improvisada. Aí é só subir no banco da cela, tirar a escada e sair para a liberdade. Francamente, apesar da presença de Ramón Valdez, acho a segunda versão muito melhor. A lembrança de Chapolin requebrando ao ironizar "estou morrendo de medo", ausente nesta versão do DVD, diz tudo.
O Roubo da Múmia[1976] - Segunda versão do episódio, gravada não muito tempo depois da primeira, não possui muitas diferenças com relação à versão que conhecemos. Talvez as únicas mudanças sejam Carlos Villagrán no papel do explorador e Horácio Gómez Bolanõs como Pepe (papel antes feito por Villagrán). No mais, tudo está presente nesta segunda versão, como o mapa com o carimbo da Embratur (no original, ele tem o selo da Comissão de Turismo), os cocos que caem toda a hora na cabeça de Chapolin (que chega a estender as mãos para agarrar um deles após dar mais uma topada no coqueiro), a placa "Baños" invertida (dando a impressão de estar escrito em hieróglifos), a frase "se perdeu mais na Guerra do Vietnã", a surra que Chapolin dá a todos no sarcófago, Pepe sendo a múmia falsa e Chapolin caindo dentro do sarcófago. Há pequenas diferenças: no final, Vermelhinho cai e a porta do sarcófago fica do lado de baixo. Florinda pergunta como ele sairá dali. Chapolin tenta responder mas logo é interrompido pelo explorador, o que ocorreu durante o episódio inteiro. Detalhe que Tatá tem a mania de incluir um "que" no clássico bordão "eu acho", ficando "eu acho que...". E, por fim, não há nesta versão do DVD a clássica comparação dos muques do árabe (Rubén Aguirre) com o do Chapolin. Senti, portanto, falta do "Veja, as pirâmides do Egito! Veja, o Colosso do Ceará!".
o Abominável Homem das Neves[1976] - Este episódio é contemplado com uma das melhores atuações de Marcelo Gastaldi dublando Chapolin. Por isso, é covardia comparar a atuação de Tatá com a de Maga. Mas o fato é que muitas piadas perderam o brilho com a nova dublagem. A infeliz alteração na clássica e impagável resposta de Chapolin, ao alegar que sente calor e frio ao mesmo tempo, de que "seu pai é de Cabo Frio e minha mãe da Pousada do Rio Quente" é o maior exemplo. Trocaram por "meu pai é do Pólo Norte e minha mãe do Equador". Nota zero!!!!! E na continuação do diálogo, Carlos diz que Chapolin parece uma galinha. Enquanto no original, ele retruca "Vai dizer agora que eu vou botar um ovo?", Tatá faz ele dizer apenas "me pareço com o quê?". Uma pena, mesmo! Estragaram uma das melhores piadas do seriado... Também tiraram a parte em que Chapolin fala da "rastazana". E ocorreram uns cortes no fim do primeiro bloco e no início do segundo. Uma das cenas suprimidas foi a que Chapolin diz que o Abominável Homem das Neves é "o homem que vendia sorvete na Colônia de Férias". Por isso, ficou sem sentido a clássica tirada "me compra um de limão" do herói, ao ser acordado por Carlos (pelo menos esta piada deixaram). Também cortaram a passagem do Abominável Homem da Neves em frente à cabana no fim do primeiro bloco, em que Ramón Valdez, ao se aproximar da câmera, assusta a todos, tamanha é a perfeição da aparência horrenda de seu personagem. Outro fator que deixa o episódio um pouco maçante no DVD é a musiquinha que toca toda a hora, chata demais!!!! Como na versão clássica, ao se referirem aos sacos de dormir, variam entre o nome em português e o inglesado "sleeping bags" (usado também no áudio original). Entre tantos infortúnios da dublagem neste episódio, ao menos numa coisa a Gábia acertou: a pronúncia correta do nome Yeti. Enquanto na Maga utilizavam como sílaba tônica o "ti", ficando "Yetí", a Gábia acentuou o "Ye", pronunciando corretamente "Yéti".
Quem Perde a Guerra, Pede Água[1976] - Único episódio do Chapolin no DVD com um enredo desconhecido no Brasil, é, sem dúvida, não só o melhor do disco como também um dos melhores do seriado. Não chega a ser exagero apontá-lo como o melhor de todos os cinco boxes até agora! A história é toda envolvente, de maneira a te prender até o final sem deixar o companheiro do lado respirar. Aliás, é um dos poucos episódios a ter tomadas cinematográficas, como a marcante cena do começo do episódio em que os dois companheiros feridos caminham, abraçados, em meio à fumaça. Os closes dos semblantes sedentos dos combatentes também são um claro exemplo. Vamos ao enredo: durante a guerra, o sargento (Horácio Gómez Bolaños) reclama que o cabo (Ramón Valdez) lhe tomou o seu cantil de água devido à sede. Após a discussão, em função daquela ser a única água que possuem, o general (Rubén Aguirre) decide pendurar o cantil e adverte que o primeiro que tomar daquela água será fuzilado. Com uma sede terrível, os combatentes invocam Chapolin. E enquanto o herói é informado do que se passa no front, o sargento enlouquece e foge, irritado por terem lhe tomado seu cantil. O herói é encarregado de vigiar o cantil, mas logo, ele, mais o cabo e o general, tentam tomar a água escondidos, mas sem sucesso. Até que Chapolin acaba tomando toda a água do cantil, enquanto o cabo discursa que todos os combatentes devem se ajudar um ao outro. Depois, o sargento, revoltado, começa a atirar nos próprios companheiros, revoltado por ter perdido seu cantil. No momento em que Chapolin e o cabo desarmam o sargento louco, a enfermeira (Florinda, neste episódio um autêntico clone da Jeannie é um Gênio) avisa que a guerra acabou. Faceiros, os combatentes sedentos comemoram o fato de poderem ir até o reservatório tomar água, sem o risco de cruzar com o inimigo. Nesse momento, o soldado (Carlos Villagrán) diz que deseja ir ao reservatório com o rosto limpo e, para o espanto de todos, tira o capacete da parede fazendo aparecer uma torneira, então tapada pelo capacete. E Carlos lava o rosto numa boa. Destaque para a música cantada por Horácio Bolaños enquanto atira nos companheiros ("Meu cantil, meu cantil..." em estupenda atuação do dublador Alexandre Marconatto). E, por fim, um erro de gravação que só quem assiste ao episódio a partir da segunda vez percebe: nas primeiras cenas, nas tomadas mais abertas, a torneira que marca o fim do episódio pode ser vista de longe, bem prateadinha. Chespirito e o diretor Enrique Segoviano devem ter pedido para pendurar o capacete na torneira só depois da gravação da primeira cena. Mas nada que tire o brilho deste esplêndido episódio!
Chespirito "Contra-Regra[1984]" - No menu do DVD, aparece escrito "ChespErito". Estava demorando... Sobre o esquete, da década de 80, ele se passa num set de gravações e o casal de protagonistas (Florinda e Rubén) mais o diretor (Edgar) têm de ouvir as cobranças burocráticas do contra-regra (Chespirito) pelos seus direitos, tudo para ele arredar uma cama que está fora de lugar. Irritados com o contra-regra, Rubén e Edgar decidem pedir pela demissão do funcionário, enquanto Chespirito ouve e pensa que querem matá-lo. Na cena prevista para ser gravada, a mocinha ameaça o marido com uma bomba. E o explosivo fornecido pelo contra-regra é de verdade. Tanto que Rubén atira a bomba pela janela e acaba atingindo Chespirito, que tem a certeza absoluta de que queriam lhe matar. Esquete não tão engraçado, mas com um texto bastante interessante, sobretudo com Chespirito fazendo um categórico e detalhado discurso sobre os direitos humanos, acenando a possibilidade de todas as nações entrarem em guerra, de maneira a arrancar a confissão de Florinda de que os próprios atores foram quem arredaram a cama - serviço que era para ser feito por ele mesmo. "Você acabou de evitar a Terceira Guerra Mundial", conclui o contra-regra chato à Florinda.
O Gordo e o Magro Voltam a Atacar[1981] - O locutor anuncia o título do episódio equivocadamente, dizendo "O Gordo e o Magro VOLTARAM a Atacar". No esquete, amarelado para se remeter aos tempos mais antigos, a dupla apronta na biblioteca, fazendo todo o tipo de barulho tanto ao tentar guardar os chapéus no porta-chapéus como no caminhar do magro, com o rangido do sapato e até de suas meias. Esquete curto, mas meio cansativo. Não gostei muito...
DVD DO CHESPIRITO - Eis os episódios presentes no disco: "Porca Solta Ataca Novamente[1988]" (Chapatin), "A Rosca de Reis[1981]" (Chaparrón), "A Morte do Botijão[1985]" (Chompiras), "um morto mutio vivo[dom caveira][1994]", "O Berro que o Gato Deu" (Chapatin)[1981], "Com Inventário e Inventor, Fica Louco o Auditor" (Chaparrón)[1982] e "Trair e Mentir, é só Reagir"[1985], além do extra "A Guerra da Secessão[1974]". A maioria dos esquetes são inéditos e dos anos 80, à exceção do episódio do Dom Caveira (gravado nos anos 90 e apresentado em 2001 pelo SBT) e da Guerra, que era inédito no Brasil até abril de 2006. O grande destaque é a participação de Ramón Valdez em dois episódios.
Porca Solta Ataca Novamente[1988] - Remake do clássico do Chapolin, em que o louco furioso Porca Solta (mais uma vez interpretado por Rubén Aguirre) está à solta pelo consultório do Dr. Chapatin e que só se pode comunicar com ele através de sinais. Caso contrário, o louco se torna agressivo. O esquete termina na parte em que o detetive (dessa vez interpretado por Raul Padilla) é capturado pelo paciente (Edgar Vivar) que é confundido com o louco por Chapatin. O nome original do louco é Poucas Trancas (dessa maneira que ele é chamado na segunda dublagem do episódio, exibida pelo SBT), mas a equipe do Fã-Clube mudou para Porca Solta, sendo fiel à primeira e mais tradicional dublagem. E no início do episódio, quando Chapatin ensaia a prática da massagem, uma fala da nova dublagem é aproveitada no texto, quando a enfermeira (Florinda) insinua que ele está "tocando um sambinha".
A Rosca de Reis[1981] - Divertido esquete em que Chaparrón e Lucas visitam a vizinha Corina (Angelines Fernández), que deixa os dois esperando em sua casa a fim de comprar uma rosca de reis (parente dos chifrinhos de nozes, mais um lanche exótico mexicano). A dupla decide fazer a rosca e daí inicia-se uma confusão na hora da confecção da rosca semelhante à presente em diversos episódios do Chaves, quando as crianças querem fazer um bolo. Por exemplo, Lucas e Chaparrón tentam abrir o ovo com uma faca e um abridor de garrafas. Eis que o marido de Corina (Ramón Valdez) chega em sua casa e acaba pagando o pato, com a dupla derramando farinha e leite em cima do homem. Enquanto os loucos colocam o pacote com a farinha dentro na panela ao invés de apenas a farinha, Corina chega da padaria lamentando que a rosca de reis havia terminado. Mas, para a surpresa do casal, a rosca de reis feita pela dupla sai perfeita do forno, após Chaparrón adiantar o relógio em duas horas a fim de apressar o aprontamento da rosca.
A Morte do Botijão[1985] - segunda versão do episódio em que Chimoltrúfia se finge de morta, presente no DVD nº 2 de Chespirito, dessa vez quem parte dessa pra melhor é o Botijão, enciumado com um bilhete escrito pela esposa que ele imagina ser para outro homem. No fim, Botijão (cujas caras de zangado são divertidíssimas), ao confessar que estava fingindo, leva uma surra de Chimoltrúfia. No outro episódio, Chimoltrúfia ganha uma caixa de música do marido. Um detalhe na dublagem: uma prima Socorro é citada por Chompiras, sendo que no original é dito "dolores", "dores" em espanhol. No episódio do segundo box, Chompiras diz "o que tem minha prima Dolores?", com a tradução feita ao pé da letra. A melhor saída foi da dublagem Maga, no episódio "Enfermos por Conveniência" do Dr. Chapatin, apresentado no dia 16/9/2006 pelo SBT onde "dolores" é dublado como "Das Dores".
um morto muito vivo[1994] - Episódio apresentado pelo SBT no dia da estréia do Clube do Chaves, em 2 de junho de 2001. Dom Caveira, dono de uma funerária, começa a enxergar um defunto por toda a parte, desde o caixão no salão da funerária, até o roupeiro e o baú de sua casa. Enquanto o senhor Carlos Veira (chamado de Véra na dublagem, já que seu nome, no original, é Carlos Vera) fica atordoado, achando que precisa de férias, o segurança Miguel (ator desconhecido), namorado de sua filha Suzana (atriz desconhecida, quem tiver os nomes deles me avisem!), tenta de toda a maneira se esconder de Dom Caveira, que não gosta do jovem. Até que Miguel e a empregada Genoveva (María Antonieta de las Nieves, cujas fitas no cabelo e na roupa têm as cores verde e amarela... bem brasileira!) descobrem a presença do defunto que Dom Caveira enxerga por todo o lado, no mesmo momento em que o doutor Rafael Contreras (Rubén Aguirre) confessa que contratou o ator para se passar por morto a fim de assustar o amigo. Quando Rafael pensa em pagar o cachê ao ator, eis que ele é levado para a funerária por Miguel e Genoveva, e o empregado de Caveira, Celório (Moysés Suárez), fecha o caixão imaginando que o homem está morto mesmo. Curiosa a música fúnebre tocada num piano no momento em que Dom Caveira, em seu quarto, descobre que o ator está no seu roupeiro. Tudo bem que o episódio fala de mortos, mas... E a voz de Celório, que no Clube do Chaves era mais aguda (típica de alguém atrapalhado), foi trocada por outra mais grave, semelhante à voz de Alexandre Marconatto (dublador dos personagens de Horácio Bolaños) e que se assemelha também ao timbre de Luís Carlos de Moraes, dublador do Seu Furtado, do Seu Madroga e de Hector Bonilla. Episódio mais longo do DVD, não possui muitos momentos cômicos, chegando até a dar sono...
O Berro que o Gato Deu[1981] - Primeira versão do episódio "O Gato e o Buldogue" exibido no dia de estréia do Clube, o paciente (Ramón Valdez) se queixa de dores no corpo todo, acarretadas após uma queda sofrida na escada depois de pisar no rabo de um gato. Irritado com as trapalhadas do dr. Chapatin, Ramón decide ir embora do consultório e acaba sofrendo novamente o mesmo acidente. Neste episódio, a galera responsável pelas adaptações dos scripts soltou uma das maiores pérolas de todos os tempos. Após o "insinua que sou velho?", Ramón larga o seguinte: "Você já era um velhote quando fez figuração lá no primeiro episódio do Chaves". Impagável ouvir Carlos Seidl falando isso. No original, Ramón diz que Chapatin fazia transplante nos astecas e inclusive solta um "lá" bem agudo (por isso que Seidl força um pouco a palavra "velhote"). Extraordinário!!!! Claro, alguns chavesmaníacos mais conservadores não gostaram. Mas não importa: ficou um barato, mesmo sabendo que o Dr. Chapatin não aparece no primeiro episódio do Chaves (o "Homem da Roupa Velha", presente no primeiro box). E quando Ramón deseja saber quando voltará a andar, Tatá dubla Chapatin dizendo que deseja ver o calendário do ano de 2015. O mesmo ano foi citado no episódio do Clube. O mais curioso é que, originalmente, o ano citado é 1988, coincidentemente o ano em que o mestre Ramón Valdez nos deixaria.
Com Inventário e Inventor, Fica Louco o Auditor[1982] - Na minha opinião, o mais engraçado episódio do DVD. Enquanto Chaparrón diz que inventou uma moldura que faz as pessoas ficarem invisíveis, eis que aparecem dois auditores (Raul Padilla e Horácio Gómez Bolaños) que desejam ver os livros com as declarações dos bens da dupla. Evidentemente, Chaparrón e Lucas não entendem nada, o que acaba proporcionando momentos impagáveis. Lucas (que diz ser nativo de Tangamandápio) traz uma estante com livros e apresenta ao auditor dois entitulados "O Sucesso Mundial dos seriados Chaves e Chapolin" e "Breve Introdução ao Ensino com Comentários do Professor Girafales". Após irritarem os fiscais do Imposto de Renda, que chegam a fazer uma auditoria pela casa toda, eles desejam saber no que a dupla se dedica. "Eu me dedico em não fazer nada", diz Lucas. "E eu ajudo ele", complementa Chaparrón, que no fim revela ser um inventor e uma das suas mais significativas é a que fabrica o próprio dinheiro. Outro trecho curioso é aquele em que Lucas diz "Se o Tarcísio Meira me procurar, diga que estou em 'out' ". Coisas do Chespirito...
Trair e Mentir, é só Reagir[1985] - Rubén é um picareta que tem duas namoradas (Florinda e María Antonieta), não gosta de trabalhar e mora junto com seu amigo Chespirito, que sem querer acaba falando o que não deve nas horas mais impróprias. Enquanto vive batendo na porta um homem (Edgar) para quem Rubén vendeu um carro, reclamando que falta o pneu de estepe, as duas namoradas aparecem e cada uma ouve Chespirito dizer que Rubén ama a outra, para a irritação de ambas, que chegam a tentar fazer ciúme a Rubén com Chespirito. No final, em mais uma aparição do homem que deseja saber do pneu de estepe, eis que Chespirito aparece com o pneu perguntando pelo motivo dele estar no banheiro. Episódio fraco!
A Guerra de Secessão[1974] - Inédito no Brasil até 22 de abril de 2006, o episódio (dos anos 70) se passa durante a guerra ocorrida nos Estados Unidos entre 1861 e 1865, em que os soldados do Norte desejam a libertação dos escravos, ao contrário dos soldados do Sul. Enquanto isso, o soldado Chésper (Chespirito) deserta de uma batalha, fingindo estar com o braço quebrado. Mas o general (Ramón) descobre a farsa e manda o sargento Willagrand (Carlos, chamado na versão Maga de Mortimer) fuzilá-lo. Willagrand dá a idéia de Chésper se disfarçar de negro e diz que ele é um escravo que acabou de comprar. Chésper, como negro, acaba sofrendo todos os castigos em função das trapalhadas de Willagrand, que alega que "meu escravo apanhando é como se eu apanhasse". Até que, quando o sargento diz que irá se casar com Florinda, eis que Chésper toma a donzela em seus braços, coloca que "casando-se com o escravo dele é como se casasse com ele" e vai embora com Florinda. Em cima da hora, a equipe da adaptação do Fã-Clube conseguiu mudar várias falas, mantendo-se fiel à dublagem Maga, como na fala de George Washington: "um gostam dos olhos, outros da ramela". Tanto que a legenda aparece com textos bastante diferentes da dublagem em alguns trechos.
Marcelo Gastaldi
O site do compositor de trilhas musicais, produtor de dublagem e eterno parceiro de Gastaldi liberou para download o vídeo do piloto da série "Feroz e Mau-Mau", idealizada por Marcelo Gastaldi (dublador do Chaves) em que ele mais Carlos Seidl (Seu Madruga) interpretam uma dupla atrapalha foragida da polícia. Osmiro Campos (Professor Girafales) dá vida ao policial e o próprio Mário Lúcio de Freitas é um delegado. Realmente, "Feroz e Mau-Mau" tem o mesmo estilo de humor de Chaves e Chapolin, pois numa cena, Gastaldi, com uma britadeira, impede o diálogo entre Seidl e Osmiro e, depois, já preso, é confundido com o prefeito e acaba regendo uma orquestra em plena delegacia. A impressão que temos é de estarmos assistindo a um episódio de nossos seriados favoritos, em função das vozes e também porque os portes físicos de Gastaldi e Seidl lembram mesmo Chaves e Seu Madruga, respectivamente. O vídeo, gravado em 1991, é o piloto da série que, segundo Mário Lúcio, já estaria aprovada pelo SBT. Porém, o projeto não foi adiante devido a um desacordo financeiro de Gastaldi com a emissora. Vendo o piloto, a série realmente não é tão engraçada e, por isso, acredito que não emplacaria. Mas se trata de uma grande pérola porque é uma oportunidade mais do que rara de vermos o saudoso Marcelo Gastaldi, a eterna voz de Chaves, em ação. Quem é chmaníaco certamente ficará boquiaberto com os donos das famosas vozes contracenando juntos.
Carlos Pouliot e Raúl Velasco
Duas notícias tristes de falecimento no meio CH. ocorreram em 2004, mas só agora ficamos sabendo: Carlos Pouliot, o Don Lucho da série Chompiras. Seu personagem foi o primeiro dono do Hotel e atuou de 1987 a 1992, quando foi substituído por Moysés Suárez e seu personagem Seu Cecílio. E a nossa segunda perda foi o homem do gesto "C", Raúl Velasco, no dia 26/11, vítima de falência múltipla de órgãos. Famoso apresentador da TV mexicana, Velasco é conhecido por aqui pela aparição no episódio da Festa a Fantasia, em que, fantasiado de Napoleão, tem a sua carteira roubada por Chompiras (chamado de Baixinho no episódio). Após se despedir do gatuno, Velasco, com uma cara de bobo, faz o gesto, que em seus programas significavam a ida para o intervalo num categórico "C" de comercial.
A nunca pensaram em chamar assim Chiquinha e Quico? Francisca Madruga e Frederico Matalascayano Júnior, respectivamente? Vale lembrar o nome completo de Florinda (dito no episódio em que Dona Neves e Jaiminho chegam à vila); Florinda Corcuera Vidialpango, viúva de Matalascayano (o pai de Quico também se chamava Frederico, por isso o Júnior no nome do Quico). Típica curiosidade inútil...
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