tenho a satisfação de analisar as semelhanças de Chespirito com outro gênio do humor: nosso querido Chico Anysio.
Antes de começar a expor as semelhanças, gostaria de evidenciar que a presente coluna não irá tratar de uma comparação da carreira ou da obra de ambos, com o intuito de demonstrar qual dos dois é (ou foi) melhor. Irei enfatizar os pontos altos em comum da genialidade dos dois, e tentar mostrar-lhes que o sucesso absoluto de ambos não foi (ou não é) à toa. Vamos começar?
Chespirito e Chico Anysio nasceram mais ou menos no mesmo período. Este em 1931, e aquele em 1929. Coincidentemente, ambos tinham a pretensão de seguir a carreira esportiva. Como já falei em colunas anteriores, Chespirito planejava ser jogador de futebol (e não conseguiu por ser pequeno e franzino) e Chico Anysio foi jogador de futebol do Fluminense durante um tempo, na juventude (mas desistiu, depois que passou num teste para Rádio). Graças a esses detalhes, que impediram ambos de seguirem a carreira esportiva, foi que conhecemos dois grandes gênios do humor. No início da década de 1950 desponta Chespirito, como grande ator que é, e também como roteirista, e Chico Anysio começa a trabalhar na rádio (e também atuando).
Mas as semelhanças não param no início da carreira de ambos. Além de serem excelentes atores, eles também eram roteiristas. Claro, é necessário enfatizar que Chespirito era o único que escrevia seus programas, e Chico tinha ajuda de supervisores para escrever, mas é necessário salientar que nada era feito se o Chico não desse o seu consentimento. Outro ponto a destacar, é que curiosamente ambos tinham um aperfeiçoamento musical. Chespirito nem preciso falar, já sabemos que ele era o diretor musical do programa e excelente compositor, e Chico também escrevia letras de músicas (não para seus programas, mas para outros cantores). Algumas de suas músicas foram, inclusive, gravadas por artistas brasileiros.
Não podia fazer essa análise sem apontar outro ponto em comum dos dois: o número de personagens interpretados por ambos. Alguns chegam a afirmar que Chico Anysio interpretou mais de 200 personagens (e tinha uma voz diferente para cada um) durante sua carreira, e não é diferente com Chespirito. Não posso descrever com exatidão quantos personagens ele interpretou durantes seus quase 50 anos de carreira, mas sem dúvidas foram inúmeros também. Só no Chaves, Chapolin e no Programa Chespirito foram muitos; isso sem contar os anos compreendidos entre 1950 e 1970 (que é um período pouco conhecido da obra de Chespirito).
Gostaria de analisar também a grandiosidade do número de produções de ambos. As duas maiores séries que eu conheço são de Chespirito e Chico Anysio: O “Programa Chespirito” e a “Escolinha do Professor Raimundo”. Chespirito produziu quase 700 programas entre 1980 e 1995 (com média de 40 min cada), e Chico Anysio produziu incríveis 1504 episódios da “Escolinha” entre 1990 e 2001 (com média de 20 min cada). Eu fiz essa comparação apenas com a última grande série produzida por ambos (já no fim de suas carreiras); se fôssemos analisar obra por obra de cada um, iríamos passar muito tempo fazendo-o e não terminaríamos tão cedo.
Por fim, não poderia esquecer de relembrar que o programa “A Escolinha do Professor Raimundo”, de Chico Anysio, possui um formato bem parecido com os episódios da “Escolinha do Professor Girafales” do Chaves. Será coincidência?! Eu acredito que sim, e digo o porquê. “A Escolinha do Professor Raimundo” surgiu em 1957 na rádio Tupi, mais ou menos no mesmo formato que conhecemos, mas sem expressão nenhuma, tanto que durou muito pouco. Já a “Escolinha do Professor Girafales” surgiu em 1974, no Chaves. Somente em 1990, o Chico voltou a produzir a “Escolinha do Professor Raimundo”. Mas deve-se enfatizar que o formato original já existia desde a década de 1950. Num âmbito geral, ambas as “Escolinhas” são um pouco parecidas, mas cada uma possui suas peculiaridades.
Uma curiosidade: O nome de ambos começa com “CH”. (Isso é incrível, não é?).
Bem pessoal, foi uma sensação muito boa escrever essa coluna, pois recordei quanta gente boa existia no verdadeiro humor (que vem se perdendo atualmente). Infelizmente muitos, como o próprio Chico já se foram, e outros como Chespirito (apesar de vivo, não sabemos quanto tempo ainda possui). De qualquer forma, eles deixaram um legado (suas obras, que continuam aí para quem quiser ver). Só posso concordar com uma coisa: eles eram “os caras”!
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