Semelhanças entre “Os Trapalhões” e “Chaves”!
Como todos nós, fãs de Chespirito sabemos, Chaves estreou no início da década de 1970 no México. Logo de cara, já era possível perceber a simplicidade de produção do programa (é claro, que essa simplicidade não diz respeito em nada na qualidade do seriado). O pátio da primeira temporada (1972), por exemplo, não possuía nem piso. Tudo era muito simples: desde os trajes dos personagens ao ambiente, propriamente dito. O início de “Os Trapalhões” também foi bem parecido com o começo da série “Chaves”. Por volta de 1966, o grupo surgiu com o nome de “Adoráveis Trapalhões”, mas foi na TV Globo, a partir de 1977 que o eles alcançaram o sucesso absoluto. Como o próprio Renato Aragão (Didi) testifica, o humor deles era “primordialmente simples e de fácil assimilação” (assim como o Chaves, não é mesmo)?
Outro ponto em comum dos programas foi a longa duração que tiveram. Chaves durou cerca de 20 anos (1972-1992), e passou por diversas fases (desde programa próprio, até se tornar um quadro do Programa Chespirito). Nesse período, foram gravados centenas de episódios. Já os “Trapalhões”, detém o recorde mundial como o programa humorístico de maior duração na televisão, com cerca de trinta anos de exibição. Durante estes anos, eles criaram filmes, se apresentaram em teatros, e chegaram ao estopim do sucesso. Juntos, os dois programas, ficaram ininterruptos no ar por incríveis meio século!
Apesar de Chaves ser sucesso ainda hoje, durante um período no México, o seriado virou “mania”. Diversos itens das séries foram lançados, as apresentações com o grupo em locais públicos eram constantes, e todo mundo parava para assistir e admirar o “pobre garoto de sardas”. Para que acompanhou, a década de 1980 na TV brasileira, sabe que com os “Trapalhões” aconteceu o mesmo. O sucesso era tão grande, que além dos itens derivados do programa lançados (como por exemplo, gibis), o grupo formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias era tão requisitado, que havia virado rotina passar meses longe de casa e da família. O resultado deste sucesso pode ser resumido na liderança absoluta de audiência de ambos os programas. Nos anos 80, por exemplo, “Os Trapalhões” chegou a bater recorde, atingindo mais de 60 pontos no Ibope contra 12 do segundo colocado (nada diferente das séries da Roberto Gómez Bolaños).
É claro que sem o empenho da direção do Programa, nenhum dos dois programas teria o sucesso que teve. Isso se deve à genialidade de seus produtores, e a facilidade de assimilar situações do dia a dia em seus roteiros. Certo dia, assistir a um sketch dos “Trapalhões”, aonde Renato Aragão (Didi), apronta as piores travessuras para fazer um bolo, e rapidamente associei ao episódio em que o Chaves e a Chiquinha tentam fazer um bolo, e também passam por maus bocados. O fato é que o uso dessas situações cotidianas para se fazer humor era um ponto forte tanto em “Chaves”, quanto nos “Trapalhões”.
Como citei anteriormente, tanto o “Chaves” como “Os Trapalhões”, tiveram um começo muito parecido (e mais ou menos na mesma época), tiveram seus momentos de “glória” e de sucesso absoluto, mas como tudo nessa vida passa, eles também tiveram seu final. E o mais incrível, é que até o final de ambos foram parecidos. No caso do Chaves, a saída de Carlos Vilagrán e de Ramón Valdés, em 1979, já havia provocado uma mudança no estilo da série, mas ainda assim ele continuou a ser produzido por mais 13 anos. Com os atores já velhos, e o elenco original bastante modificado, em 1992 foi produzido o último episódio. “Os Trapalhões” também passou por esse processo de “perda do elenco original”. Quando em 1990, Mauro Faccio Gonçalves (Zacarias) morreu, o trio remanescente sentiu muito, mas ainda assim tentou continuar na produção do programa. Até que 4 anos depois, em 1994, morre Antônio Carlos Bernardes Gomes (Mussum), e ficou praticamente impossível continuar o programa. Findava assim, o programa que mais tempo ficara no ar, na história da televisão mundial.
Finalizo essa coluna apontando para o fato de que o sucesso nunca vem por acaso. Se “Chaves” e “Os Trapalhões” ficaram tanto tempo no ar e foram sucesso absoluto, é porque tinham algo em comum na sua produção, e como vimos aqui, são muitos os pontos em que podemos associá-los. No mais, podemos fazer como Chespirito, e resumir o sucesso em uma única palavra: “transpiração”, ou seja, o esforço em se fazer algo bem feito, e ele mais do que ninguém pode fazê-lo, afinal, suas séries revelam isso por si só.
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