sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Um episódio, várias lições

O episódio “Isto merece um prêmio“, gravado e exibido originalmente no México em 1974 na era clássica do seriado “Chaves” é um velho conhecido dos telespectadores do garoto do oito. Mesmo assim, resolvi comentar sobre ele, afinal há muitos assuntos a serem discutidos acerca deste episódio.




O enredo começa com Seu Madruga e Dona Florinda discutindo no pátio. Enquanto Dona Florinda anda de mau humor, Seu Madruga pronuncia uma de suas frases mais célebres: “Eu, sem um centavo no bolso, sempre trago comigo um sorriso franco e espontâneo“. Don Ramón comenta que encontra a essência da vida nas coisas simples. Ele dá risada da vila, do barril, de seus vizinhos e de seus próprios problemas.



As crianças Chaves e Kiko chegam à vila após mais um dia de aula, e o filho de Dona Florinda chega contando para a mãe que ganhou uma “estrelinha de bom menino” (ou de boa conduta) na escola.

Florinda, mimando seu filho, deu uma quantia em dinheiro a ele após saber a notícia. Chaves comenta que também ganhou a estrelinha, e, como este não é seu filho, Florinda não dá importância alguma ao que lhe fora contado. Kiko tenta mudar de assunto, pois sua mãe descobriu que na realidade a estrelinha fora ganha por Elizabeth, a “menina mais aplicada da classe”. O garoto bochechudo deu duas pratas para Chaves comprar a estrela de Elizabeth para ele. Chaves comprou dela por uma prata, e ficou com outra no bolso. Seu Madruga comenta que Chaves tem “tino comercial”.

Dona Florinda indaga ao seu filho: “o que ganhou com tudo isso?”. O menino ainda brinca com a situação, respondendo “uma graninha”. É nisso que dá mimar os filhos. Kiko pediu desculpas à sua mãe. Quando foram comer biscoitos, Florinda disse “Eu poderia permitir que você comesse até vinte biscoitos, mas por ter me enganado com a história da estrela, não vá comer mais que dezoito!“. O ocorrido, que foi mostrado de maneira exagerada como forma de criticar este comportamento de algumas mães, é visto como “enérgico” pela Dona.



“Mestro” Linguiça, digo, Professor Girafales, leva na vila os trabalhos de desenhos dos meninos para que eles pudessem comentar sobre as obras: tabuleiro de xadrez para principiantes, lápis que já foi apontado muitas vezes, máquina de escrever com uma tecla só, sanduíche de ovo e o café da manhã do Chaves. Tais desenhos são muito criativos, pelo que representam, além de serem imagens engraçadas.



Na sala da casa quatorze, Florinda e Girafales refletem sobre a fome do Chaves, ao mesmo tempo que comem muitos biscoitos, não dando a oportunidade de o garoto comer nenhum deles. Eles comentam que “ninguém se preocupa com os problemas dos outros”, porém, dizem se preocupar, mas não fazem nada para ajudar na situação. Mais uma ótima crítica encontrada nas obras de Chespirito. Diante do ocorrido, Chaves vai embora da casa de Kiko.

Girafales volta à vila curioso para saber quem desenhou sua caricatura. O autor do desenho foi Kiko, mas este suborna Chaves, induzindo o garoto a reconhecer a autoria da caricatura, em troca de um sanduíche de presunto. Sem imaginar, Kiko é castigado por não reconhecer seus próprios atos, já que o professor gostou do desenho, classificando-o como um “trabalho onde se nota os dotes de um grande artista”. Chaves ganha uma caixa de biscoitos.



Em dezessete minutos, Chespirito trouxe neste episódio humor, imagens engraçadas e várias lições: encontrar a felicidade em coisas simples da vida, o erro e as consequências que uma mentira pode causar, os exageros dos pais que mimam seus filhos, pessoas que se preocupam com problemas da sociedade mas não se mobilizam para ajudar a resolvê-los e a necessidade de assumir seus próprios atos.

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